caminha, caminhando, poetando, vivendo como Deus me permite viver. É assim que vou. É desse jeito que sou. E aqui vão: notícias mensagens, poesias, crônicas, artigos, enfim, tudo que gosto e sou, parte dos caminhos que este caminhante procura seguir. Apenas isto!

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Blumenau, a ordem é reconstruir

Blumenau, a ordem é reconstruir


As imagens das últimas tragédias dormitavam nos recônditos da mente dos blumenauenses. Lampejos que iam e viam, cada vez mais raramente. As marcas das cheias de 1983 e 84 não passavam de pálidas fotos de arquivos. Da enxurrada do Garcia, que vitimara 21 pessoas em 1990, ficara uma certeza, ainda que incerta: Nada daquilo voltaria a acontecer!

Lembro das campanhas de solidariedade. Pertencíamos, eu e minha esposa, ao Posto da Defesa Civil da Igreja Matriz. Estávamos em plena Oktoberfest. Fomos à Proeb, naquela tarde em que Helmuth Högl chorou emocionado. Inúmeras pessoas, mesmo vivendo o drama, compareceram para comprar um CD da banda cuja renda seria destinada aos atingidos.
O Brasil se solidarizava com envio de gêneros alimentícios, água, roupas, colchões, depósitos em dinheiro. Blumenau responderia, mais tarde, em favor das vítimas de catástrofes semelhantes em Petrópolis e no Nordeste.


Tudo! Tudo isto parecia estar esquecido na face risonha de uma geração de jovens – crianças à época – que, agora, tocam a cidade.
De repente, lembranças sacudidas trazem à baila novas imagens e tensões, outras tristezas, muitas dores. A tragédia voltou! E pior! Muito pior! Blumenau e região são vítimas de novo. Com uma intensidade jamais vista.
Morros pareciam torres de castelos de areia. Ribeirões transformados em caudalosos rios de entulhos, pedaços de móveis, água barrenta de cor escarlate. O sangue da terra misturando-se ao das vítimas dos soterramentos. Não mais um único bairro, mas a cidade, a região inteira sofre a fúria de uma natureza que parece querer vingança. É a maior tragédia da história de Santa Catarina. Os números da catástrofe ampliam-se. Uma calamidade! Os efeitos são inúmeras vezes superiores aos do passado. Para alguns, o Apocalipse começava a sair da letra. O Brasil se solidariza novamente.


Num abrigo a esperança veste-se de criança. De aniversário, sonha uma festinha. Seus pais choram os parentes vitimados. O espectro da morte, foice à mão, ceifa vidas. Parece não haver sobrado pedra sobre pedra. Apesar disso, o povo já pensa o amanhã, a reconstrução. Respira - pois respirar é preciso - a esperança de uma vida nova. Brioso e corajoso povo! Das cinzas, das brumas, fará nova colheita, verá o sol reluzir de novo. Revive-se Jeremias que, apesar das desgraças, mantém sua inabalável fé em Deus na esperança certeza de um futuro melhor.


Não se ouve mais “Hallo Blumenau! Bom dia Brasil! Dezessete dias de folia!”, a música que Helmut Högl celebrizou como um hino da Oktoberfest. No rádio a voz de Ivan Lins: “Começar de novo e contar comigo. Vai valer a pena ter amanhecido”.

A ordem é reconstruir e pelo que conheço dessa gente, isto é uma questão de tempo. Muito pouco tempo! Avante – mais uma vez – Blumenau!

Luiz Eduardo Caminha
27.11.2008

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Poesia e futebol

Eu estava aqui quieto, em Ratones, Norte da ilha, Floripa. Aí me provocaram. E dá-lhe provocação! Aliás, eu nunca soube direito se os torcedores do Figueira sentem maior prazer em ver seu time vencer ou o meu Avaí perder.
"Bom cabrito não berra! Espera a vez!", diz o ditado. Resolvi esperar! Pois aí está: Avaí na Série A. Eles à beira de descer para a "B". Uma pena! Eu até queria que eles não caíssem (verdade???)!
Logo agora!? Já teríamos 6 pontos garantidos no ano que vem! Não faz mal! Outros pontos virão!

Como me provocaram, aí vai minha resposta! Perdoem-me aqueles que não se imiscuem nestas contendas.


Poesia e futebol

Cá,
Na Ilha da Magia,
Os ecos do silêncio,
Vindos do continente,
Se rompem, ao amanhecer,
Pelo rugido do Leão.

Lá,
No continente,
Aves de mau agouro,
Em crise intestina,
Enchem de excrementos,
Alvi-negros,
A Figueira!

O que ouve?
O que ouvem?

Estão na muda!
Silentes,
Ouvindo o rugido,
Que vem crescendo:

Uh! Avaí!
Uh! Avaí!
Uh Avaí!
Uh! Avaí!

O céu é o limite!
E é Azul e Branco!

Luiz Eduardo Caminha,
Floripa, Ratones, 11.11.2008*

* Na noite em que o meu Avaí Futebol Clube, o Leão da Ilha subiu à Série “A” do Campeonato Brasileiro!
Com três rodadas de antecipação!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

caminha, caminhando, poetando...: Mais um poema

caminha, caminhando, poetando...: Entrega

Mais um poema

Amigos, aí vai mais um de meus poemas. Este nasceu inspirado na obra de Almiro Caldeira de Andrade "Ao encontro da manhã".


ENTREGA

O por do sol
Vive o ocaso,
Noite de mais um dia.

O astro-rei esgueira-se
Poente afora.
Vai aquecer outros lugares.

Cá, a dama da noite,
Assume seu papel
De concubina radiante.

Prateia o ébano.
De suas tranças pendem
Raios de luz inebriantes.

A mata prateia-se num pranto.
A debulhar lágrimas cintilantes.

No céu, estrelas fagulham,
Diamantes em fundo negro.

No mar, a nau solitária
Procura um porto seguro,
Onde o sol possa,
Novamente,
Iniciar a faina,
D’um novo dia.

Àquela noite, na praia se ouvia
Só o mar a respirar...
E os gemidos da guria
Virgem moça a se entregar.

Luiz Eduardo Caminha