caminha, caminhando, poetando, vivendo como Deus me permite viver. É assim que vou. É desse jeito que sou. E aqui vão: notícias mensagens, poesias, crônicas, artigos, enfim, tudo que gosto e sou, parte dos caminhos que este caminhante procura seguir. Apenas isto!

domingo, 24 de agosto de 2008

ENSAIOS

Prezados Amigos,

Desculpando minha ousadia, começo hoje um novo quadro deste Blog, onde pretendo colocar alguns de meus ensaios, resultado de estudos e elucubrações que passam em minha mente enquanto, orando, reflito... e daí, ponho tudo escritinho no papel.

Que Deus abençoe a todos.

Caminha


PROFISSÃO DE AMOR
Por Luiz Eduardo Caminha

Embora seja uma das línguas consideradas ricas em vocabulário o português passa dificuldade em expressar certos termos ou situações que a língua mãe, o latim, contém. É conhecido nosso intraduzível “saudade” e, talvez esteja neste vocábulo algo o mais próximo possível do que pretendo dizer. No vocábulo saudade está embutido um sentimento inerente ao estado de ser do agente que o vive (ou interpreta). As línguas oriundas dos povos bárbaros, entre elas o alemão e o inglês e outras nórdicas, não conseguem, por mais que tentem, exprimir sentimentos mais significativos que o próprio vocábulo. O uso do verbo “to miss” no inglês (sentir falta) não retrata, nem de longe, o conteúdo sentimental do vocábulo em questão. Quando o inglês fala “I miss you” está apenas e tão secamente dizendo “eu senti falta de você, da sua presença”. Ora sentir falta da presença de alguém, convenhamos, não é o mesmo que dizermos “eu senti saudades de você” ou mesmo, quando em qualquer referência à pessoa, tempo ou lugar, apenas balbuciamos com o coração próximo à boca: “que saudade”!

Os germânicos vão um pouco além na ânsia de exprimir este sentimento. Usam quase sempre uma palavra para cada situação, como é o caso de Heimweh para representar a “saudade” de casa ou da pátria. Na verdade Heimweh seria o equivalente ao nosso “banzo”, uma espécie de melancolia muito presente entre os negros africanos – até morriam disto – que sentiam saudades de sua tribo, sua nação, a África.

Fiz este preâmbulo para voltar a afirmar: comparada ao latim e ao grego, o português, em muitos casos deixa a desejar. Isto fica patente quando tentamos traduzir textos originalmente escritos nestas línguas que compõe um número significativo dos termos que utilizamos.

Por exemplo: na versão grega da Bíblia – a mais próxima do hebraico – quando ocorre a passagem em que Jesus Cristo reclama a confirmação do amor de Simão Pedro (João 21, 15-19), podemos ver a sutil diferença da pedagogia do Mestre. Na versão para o português, Cristo faz a mesma pergunta por 3 vezes: “Simão, filho de João, amas-me mais que estes?” Pedro responde, por duas vezes: “Sim Senhor tu sabes que te amo”. A cada resposta Cristo mostrava a missão que confiaria a Pedro: Apascenta as minhas ovelhas. Ao deparar-se com a insistente pergunta, pela 3ª. vez, a versão portuguesa mostra uma certa tristeza em Pedro e, desta vez, Simão Pedro lhe diz: “Senhor tu sabes tudo. Sabes também que te amo”. Mas aí trago à reflexão o que o texto hebraico nos reporta: Na verdade, nas duas primeiras vezes em que Jesus faz a pergunta o texto não tem nada a acrescentar.
As traduções expressam o mesmo sentido, são fiéis ao enunciado. Entretanto as duas primeiras respostas de Pedro é que foram traduzidas erroneamente. Pedro responde a Jesus com um vocábulo que não tem, em hipótese alguma, o significado do sentimento que quer o Mestre. Pedro apenas diz: “Senhor, tu sabes que eu gosto de ti”. Repararam na enorme diferença?

Cristo passou pregando o AMOR entre os homens como um mandamento tão poderoso como O AMOR A DEUS e, exige de Pedro a amplitude deste amor. Pedro, um homem rude, não capta esta sutileza. Só vem a percebê-la quando o Mestre inverte a pergunta, o que também não foi obedecido no texto grego e português.

Pergunta o Cristo, nesta 3ª. vez: Simão, filho de João, tu gostas de mim mais que estes outros”. Aí é que Pedro percebe a troca do verbo que concede à questão um sentimento muito mais amplo. Era como se Cristo apenas quisesse saber se Pedro gostava do Mestre como se gosta de um parente, de uma outra pessoa qualquer. Por isto ele se entristece.

Não é muito difícil entender porque a tradição quis ligar esta tripla profissão com a tríplice negação. Nem é de todo impossível perceber que Pedro tenha se lembrado do episódio em que negara o Mestre. Triste, por ser tardo em compreender ele corrige-se em tempo: “Senhor, tu tudo sabes. E sabes que eu te amo”.

É esta a resposta que a pedagogia do Mestre quer: AMOR, mais que tudo. Não o amor carnal, erótico. O AMOR de quem é capaz de trocar sua vida pela de um semelhante, exemplo que o Mestre acabara de dar na sua morte de Cruz.

Quando pois estivermos a refletir sobre a nossa condição humana e a outra que nos faz filhos diletos por quem o Pai Celeste, por AMOR a todas as criaturas, entregou seu próprio Filho é preciso que respondamos: Qual o sentimento que nutrimos por Deus, por Jesus Cristo? Apenas os admitimos e até temos uma grande admiração? Ou somos daqueles que “gostamos” deles? Quem sabe nós somos aqueles que dizem – bem alto ou baixinho – “eu os AMO”.

Qualquer que seja a resposta é bom saber que há uma outra lição que nos foi deixada pelo Mestre, além de seu ato de extremo AMOR por nós: “Se alguém disser: “Amo a Deus”, mas odeia seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê” (1ª. Carta de João 4,20).

São estas pequenas sutilezas linguísticas e das traduções que mudam a essência de toda a mensagem. Também assim o é quando tratamos do termo alma (do latim “anima”). Bem, mas disto eu falo na próxima...

Amor, Paz e Bem que não custa nada a ninguém!

Luiz Eduardo Caminha

domingo, 17 de agosto de 2008

A Chave de Ouro

Pode parecer, meus amigos, que esteja um pouquinho longa. Quase duas laudas. É muito? Mas foi o espaço mínimo que consegui para resumir tudo - ou quase tudo - do que penso ser a presença de Deus em cada um de nós. Espero que gostem e postem seus comentáris. Se não gostarem, sem problemas, podem também postar sua crítica.

Que Deus abençoe a todos.

A Chave de Ouro

O Livro Sagrado ao descrever a criação do homem o faz desta forma : “E então Deus criou o homem, a sua imagem e semelhança, homem e mulher os criou, à imagem de Deus os criou”.
Ao tentarmos enveredar pelos magníficos campos que a interpretação pode dar a este momento impar da Criação, uma coisa fica clara: o homem foi criado para viver em plenitude, semelhantemente a seu Criador.
Deus é pleno, é harmonia, amor, equilíbrio, infinito, o bem. Por mais que tentemos, não existem palavra,s em dicionário algum, em qualquer língua, que consiga expressar a concepção de Deus. Nossa mente não consegue dimensionar este ser. Talvez a melhor expressão para definir Deus seja “Deus é tudo e o todo”. O homem é finito e não consegue mensurar o infinito, o absoluto. Entretanto, isto tem pouca importância. O que importa mesmo é sabermos a essência do porquê e para o que fomos criados. Ora, se fomos criados à imagem e semelhança de um ser pleno foi para isto que fomos criados.
Na verdade, este desejo, esta vontade do Criador, está impregnada em nós mesmos. Como uma sementinha esperando o momento de desabrochar, dentro de nós, a árvore que dá sentido à vida. Como uma marca, uma assinatura que o artista faz ao terminar sua obra. Dentro de cada um de nós há uma espécie de memória, um pequeno “chip” que tem armazenado esta noção do absoluto, de Deus. Uma matriz situada em alguma gaveta do subconsciente, onde está impresso que fomos criados para o bem, para a felicidade, para vivermos em paz, em harmonia, em equilíbrio, no amor.
O que precisamos, e aí está o grande segredo de quem consegue, é descobrirmos o nosso programa, o “software” que abre este “chip”, libera esta matriz e nos põe as condições para buscarmos estes paradigmas.
O próprio Jesus Cristo, quando esteve em nosso meio apontou este programa, nos capítulos 5, 6 e 7 do Evangelho de São Mateus - que nos reportam a uma síntese de todos os ensinamentos do Mestre. O Sermão da Montanha.
Faça uma experiência. Pegue a sua Bíblia, o seu Novo Testamento e procure ler pausadamente, refletindo, meditando sobre cada versículo. Faça isto com sua família. Você vai ter uma agradável surpresa. Só para lembrar Evangelho de São Mateus, capítulos 5 , 6 e 7.
Neste sermão Cristo dá a receita para começarmos a busca por uma vida feliz. Falando a seus seguidores Jesus pergunta ; “Qual dos mandamentos vos parece ser o maior? Um dos presentes respondeu “O maior dos mandamentos é amar a Deus sobre todas as coisas” Mas há um segundo mandamento, disse Jesus, que é tão grande como este “Ama o próximo como se fosse a ti mesmo” e segue, entre tantos ensinamentos, dizendo. “Eu não vim para tirar um jota ou um traço da lei . Eu só vim para subrogá-la”. Há que se dizer, a letra jota é a menor do alfabeto hebraico, a língua do povo escolhido por Deus, os hebreus, para quem o Mestre ensinava.
Mas, é no versículo 12, do capítulo 7, que Cristo revela o segredo, Chave de Ouro, que abrirá aquela gaveta do subconsciente e liberará a matriz que nos faz “imagem e semelhança de Deus” – “Tudo o que desejares que os homens vos façam, fazei-o vós primeiro a eles”.
Ora todos queremos, para nós próprios, coisas boas. Pois façamos para os outros coisas que sejam boas. Todos querem ser amados. Pois esqueçamos o ódio, a mágoa, o rancor. Amemos primeiro os outros, que são nossos irmãos nesta Criação. Todos queremos o bem. Pois façamos primeiro, para os outros, o bem. Todos queremos a paz. Pois sejamos apóstolos da paz. Gostamos da gratidão de nossos filhos de nossos amigos, das pessoas. Pois sejamos gratos por nossos filhos, nossos amigos. Saibamos ser gratos às pessoas que nos rodeiam. Todos apreciam um afago, um carinho, um abraço, um sorriso. Pois vamos, primeiro, ser ternos, afáveis, distribuir os braços a todos que precisam de abraços. Não sejamos amargos. Sejamos os primeiros a sorrir para os outros, para a vida. Muitas e muitas vezes precisamos de um ombro amigo. Pois estejam os nossos ombros sempre livres para quem quiser repousar sobre eles as suas angústias, as suas aflições.
Lembrem-se : fomos feitos para viver no amor, sem ódios, sem guerras, sem conflitos, sem inveja. Fomos moldados para a harmonia, o equilíbrio, a paz. Vivamos pois, assim com os nossos próximos mais próximos, a nossa família, o nosso vizinho, os nossos amigos, a comunidade, com todas as pessoas, com a natureza, com a água, o mar, os céus, o mundo que nos rodeia, porque, como nós, foram os seres e elementos concebidos como obra de uma só Criação.
Não importa a fé que você professa, a religião que você tem, busquemos todos a felicidade. Afinal, quem somos nós para julgar? É o próprio Mestre quem recomenda.: “Não julgueis e não sereis julgados, porque com a mesma medida que porventura julgares sereis vós também julgados”.
Vejam a beleza destes pensamentos extraídos do livro “A arte da felicidade” de Howard C. Cutler, Médico Psiquiatra e de Tenzin Gyatso, o Dalai Lama : “Acredito que o objetivo de nossa vida seja a busca da felicidade. Quer se acredite em religião ou não, quer se acredite nesta ou naquela religião, todos nós buscamos algo melhor na vida. Portanto acho que a motivação de nossa vida é a felicidade”.
Quando você mantém um sentimento de compaixão, bondade e amor, algo abre automaticamente sua porta interna. Com isso, você pode se comunicar mais facilmente com as outras pessoas. E isto cria uma espécie de abertura. Você descobre que todos os seres humanos são exatamente iguais a você e tudo fica mais fácil para se relacionar com eles.
Você acredita nestas coisas? Pois eu acredito! Sabe aqueles momentos em que você está triste? Isto acontece pela saudade que você tem daquela matriz, daquela sementinha imagem de Deus que está plantada em você e, por algum motivo, você esqueceu ou não encontrou. Sabe aqueles momentos de angústia, de dúvida? São saudades desta sementinha. Saudades do Deus que habita em você.
Somos um templo. Um templo que abriga o Criador. Deus está em nós... e se faz! Basta que estejamos abertos a isto. Basta que queiramos.

domingo, 3 de agosto de 2008

Implacável tempo

Aí vai, meus queridos amigos, mais uma de minhas incursões poéticas fruto de uma reflexão sobre o tempo que tão sofregamente jogamos fora no corre da vida. Corre-corre que nos faz perder o rumo e a capacidade de dedicar mais tempo a tantos que merecem e nos fazem sentir bem.


Implacável e escasso tempo.

Tem sido tanto o corre-corre
Que mal me ocorre
Cruzar as sendas
Dos meus prazeres

Ah! se mais tempo eu tivesse,
Mais tempo disporia,
Prá viver a euforia,
De conviver vocês.

Tempo, entretanto,
É questão de preferência.
Hei de fazê-lo, por certo, acontecer,
Nem que o último sendero me reste,
Nem que me arraste.

Aí, quem sabe,
Não mais pedirei perdão,
Àqueles a quem gostaria de dividir mais,
Todo o escasso tempo,
Que me resta!!!

Luiz Eduardo Caminha, em 26.06.2008