caminha, caminhando, poetando, vivendo como Deus me permite viver. É assim que vou. É desse jeito que sou. E aqui vão: notícias mensagens, poesias, crônicas, artigos, enfim, tudo que gosto e sou, parte dos caminhos que este caminhante procura seguir. Apenas isto!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Ainda a saudade...

Orfandade

Eu não imaginava
Ficar órfão tão cedo.
Aliás, eu nunca
Imaginei-me um órfão.

Estou nos cinqüenta e oito,
Quase cinqüenta e nove,
Primeiro meu pai,
Tristeza, melancolia.
Depois um irmão,
Dor, sentimento.
Mas ainda tinha uma mãe.
O fel da dor compensava!

Daí... ela resolveu partir,
Bateu asas
Como um pássaro,
Uma borboleta
Foi ao encontro dos seus,
Do outro lado.

O velho útero,
Sacrário dos filhos,
Já não vivia.
O cordão umbelical
Definitivamente se partira.
Um silêncio ensurdecedor,
Eco de uma ausência.

Foi aí que senti a orfandade.
Ficou fácil entender saudade.
Tão fácil! Tão amarga!
Sem graça, senti-la!


A Hamilton e Edy, meus pais, 1 ano depois que ela partiu para encontra-lo e reverem, juntos, meu irmão!

P.S.: Daí me vi cantarolando aquela musiquinha: Mãezinha do céu / Eu não sei rezar / Eu só sei dizer / Que quero te amar...

terça-feira, 18 de maio de 2010

Certo futuro funéreo do excluído

Espectro


Foto noturna,

Riscos de luzes,

Rasgos melancólicos,

Soturnas lembranças.


Lúgubres sombras,

Espectros famélicos,

Andanças perdidas,

Descoloridas!


Uma tela disforme

Retrata a fome.

Miséria cansada

Da exclusão.


Quem vai parir o amanhã?

Quem vai colorir a vida?

A Esperança? Último grito de Pandora?

Ou a certeza? Dum triste futuro possível?


A argamassa, massa dos pobres,

Pão amanhecido, amolecido

Pelo suor diário de desatinos.

Faina diuturna, sede insaciável

De Justiça... e Paz, enfim!


Um Sepulcro futuro e garantido,

Repleto de sonhos, sussurros,

(Caiado pela hipocrisia)

Resta como digno descanso!


Luiz Eduardo Caminha

Distrito de Ratones – Florianópolis, 18.05.2010.

sábado, 15 de maio de 2010

Outono... é festa na ilha!


Festa na ilha


Primeiro friozinho d'outono

Lá vêm faceiras tainhas

Comida de sobra, festa na mesa

Pescador, pesca, pescada, doutor.


Primeiro calorzinho da primavera

Lá vêm raparigas faceiras

Saia rendada, sorriso convite

Festa, amasso, cama... namorador.


Aquelas, que dão de sobra,

No mar nas redes, n'areias,

Comidas de toda maneira.


Estas, mocinhas dadeiras,

Nas praias, nas dunas d’areia,

Levanta a saia que sobra.


E como sobra!

Se sobra? Como!!!


Luiz Eduardo Caminha

Distrito de Ratones, Florianópolis, 12.05.2010