caminha, caminhando, poetando, vivendo como Deus me permite viver. É assim que vou. É desse jeito que sou. E aqui vão: notícias mensagens, poesias, crônicas, artigos, enfim, tudo que gosto e sou, parte dos caminhos que este caminhante procura seguir. Apenas isto!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Nossa Mensagem de Natal


Naquele ano, cerca de 2000 anos atrás, numa acanhada gruta, nasceu um menino. Não foi o jeito, nem o local que seus pais planejaram para recebê-lo. Mas, aquele menino tinha que ser contado, marcado. Era o Censo dos homens. Convocado pelo César, o Augusto Soberano, um deus para os romanos que, na época, dominavam quase toda a extensão geográfica que se conhecia como mundo. Um menino, Filho Único do Deus Uno. Um Deus, sendo contado; como gado.

Hospedar-se numa gruta não era incomum para os judeus, acostumados a viver em casas simples, tendas ou mesmo grutas. Mas, José e Maria, seus pais, imaginavam, na sua humildade, algo mais nobre para aquele que Gabriel anunciara como o futuro Messias das escrituras. Os cueros mal o agasalhavam do frio invernal, as palhas onde deitavam os animais serviram-lhe de colchão daquela manjedoura. Nem uma parteira havia. Nasceu como os animaizinhos, os pobres, os deserdados. Recebeu visitas sim, de pastores, ovelhas e nobres; também. Os Reis do Oriente. Uma estrela alumiava o local e um coro de anjos entoava: “Gloria in excelsis Deum”.

Aquele Menino cresceu, como outros meninos. Brincou, como outros tantos. Pulou, subiu em muros, árvores, correu, caiu, ralou-se, como os outros meninos de sua pequena vila. E, adulto, virou Mestre. Dizia: “tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber; era peregrino e não me acolhestes; nu e não me vestistes; enfermo e na prisão e não me visitastes”.

Dois mil anos… e o mundo ainda não conhece este Menino. Ou, se uns o conhecem, muitos o ignoram. Suas lições são dribladas pela hipocrisia, a inveja, o ódio.

Ainda hoje nascem meninos. Abandonados; na miséria, nus. Ainda hoje são contados como gado; marcados. Ainda hoje eles crescem. Brincam como meninos. Mas logo cedo, marginalizados, transformam-se e assumem a face perversa da humanidade que os desprezou. E voltam-se contra ela.

Ainda hoje, meninos feitos homens maltratam, matam, odeiam, fazem guerras, corrompem e são corrompidos, agridem a natureza, correm alucinados atrás de bezerros de ouro, do dinheiro. Matam por ele. Se não matam, locupletam-se às custas do suor e da miséria dos outros. Titãs dum Olimpo transformado em “Wall Streets”. E como titãs travam batalhas pelo capital, o lucro a ganância, o poder. Que lhes importa os homens? Pobres criaturas.

Natal não deveria ser momento para este tipo de reflexões. São pesadas, duras, agridem, ofendem. Mas enquanto muitos gargalham e brindam ao espocar de fogos, aos hinos, aos Papais Noéis do consumo, outros sofrem, estão com fome, sede, são peregrinos; estão nus; enfermos, na prisão… E choram as dores do abandono.

É!!! Os homens ainda não conhecem este Menino!

Que neste Natal possamos refletir esta realidade e que a paz, a concórdia, a fé, a fraternidade, o Amor, sejam a agenda de nosso Novo Ano. Que este Menino Deus nos permita encontrá-lo nos homens e contá-los como irmãos.

Feliz Natal e um Ano Novo repleto de amor, saúde, paz e bênçãos do Senhor.

São os votos de

Luiz Eduardo Caminha e Família.

Florianópolis, Distrito (In)dependente de Ratones, Natal 2011