caminha, caminhando, poetando, vivendo como Deus me permite viver. É assim que vou. É desse jeito que sou. E aqui vão: notícias mensagens, poesias, crônicas, artigos, enfim, tudo que gosto e sou, parte dos caminhos que este caminhante procura seguir. Apenas isto!

domingo, 27 de setembro de 2009

Somos iguais perante Deus...

Quem é o maior?

“Tu és pó e ao pó tornarás” (Gênesis 3,19)

1978. Manchete: Descaso do governo na saúde. Médicos em greve. Eu fazia especialização no Rio de Janeiro e era do comando de greve. Reuniões infindáveis, discussões, negociações, assembléias. Os militares ameaçavam de urutus e o Exército, armas em punho, nos sitiava na Assembléia do Rio. Clima de guerrilha. Ao fim, algumas migalhas concedidas. Voltamos ao trabalho. Vitória de Pirro! Trinta e seis dias por quase nada.


Dias após, os lixeiros. Fedor de lixo acumulado nas calçadas, enxames de moscas toldando o céu. Uma semana. Tudo resolvido. O caos sanitário fez o Governo Municipal aceitar a maioria das reivindicações dos grevistas.

Vieram os motoristas de ônibus, profissional odiado pelos cariocas que os tinha como a escória. Gastei nove horas para fazer um trecho de quarenta minutos, de Vila Isabel ao Hospital, em Ipanema. Tudo engarrafado, buzinaço ensurdecedor. Doze horas de greve. O caos urbano elevou os motoristas à condição de gente. As empresas cederam a todas as reivindicações.

Qual destas categorias foi a maior? À luz da escala de valores estabelecida pelo status e por uma sociedade vítima do materialismo, a mais insignificante delas: os motoristas, seguida dos lixeiros e, por fim, nós, médicos. Uma inversão dos pés à cabeça.

Pode-se analisar estes episódios sob duas óticas: a paulina, inspirada provavelmente na milenar sabedoria dos vedas hindus: “o olho não pode dizer à mão: não preciso de ti. Nem a cabeça dizer aos pés: não necessito de vós. O corpo é um todo com muitos membros. Numa comunidade cada membro tem a sua função e todos formam um corpo cuja cabeça é o Cristo”, explica São Paulo. A outra visão é do próprio Mestre: “quem quiser ser o primeiro, seja o último, o servo de todos. Aquele que se tornar pequenino como uma criancinha, este será o maior... Quem se exalta será humilhado e quem for humilde será exaltado”.

Orgulho-me de ser médico. Minorar o sofrimento alheio e salvar vidas é função dignificante ante Deus e a sociedade. Mas, numa comunidade , não só o médico é importante. Todos o são. Costumo dizer: nascemos igualmente nus e ao morrermos, sejamos reis ou súditos, as minhocas comerão nossa carne. O importante é cada qual exercer sua função com humildade, visando o todo, a comunidade.
Bem diferente de alguns apaniguados do poder: a soberba os faz esquecer a comunidade a quem deveriam servir. Deus é quem está à sua direita. E o que vale é locupletar-se. Mateus, primeiro os meus! Quem tem ouvidos para ouvir que ouça.

Luiz Eduardo Caminha
Distrito de Ratones,
Florianópolis, 27.08.2009

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Setembro, das flores, primavera, dos amores...

Lá embaixo, bem abaixo deste texto, vai uma poesia deste arremedo de poeta e escritor.

Setembro, mês que o ano todo, como parido em um momento, adentra à primavera, natureza sedenta da hibernação de “seu” inverno, sisudo, mal humorado, cinzento e frio. Seu inverno, sim, porque este à natureza pertence, pois que necessário se faz para que ela recobre as forças da eterna infância de um mundo que se fez velho porque o homem, este ser indócil, irrequieto, indomável e inconsequente, ancião o tornou, por seu agir. Mês que prosa e poesia se enfeitam, entrelaçam em laços que tentam colorir a aquarela da vida. Vida que explode em Outubro, em Francisco, o cantor das criaturas, o poeta maior que fez eco seu bradar pelos irmãos, pequeninos cacos dum prosaico mosaico, o mundo que vivemos. Vivamos Setembro, adentremos Outubro, com espírito renovado - já que o inverno se foi - pela primavera que espreguiça seu sorriso multicores, como se fosse possível tornar belo este disforme mundo multifacetado de misérias que nós, homens, compusemos a sorrir, com o mais absoluto cinismo.

Luiz Eduardo Caminha

Convido-os a visitar o Mural das Letras de Setembro/Outubro onde novos autores lá estão, a desfilar em nosso site Stammtisch Confrarias e Patotas...




Desilusão


Sonho,
Amargurado,
Agruras
Dum dia feliz...
Que não vem.

Sol, chuva,
Noite fria,
Lua nua,
Noite, dia,
Que se vão

Dia, noite,
Noite dia,
Cá espero.

A Felicidade?
Mera quimera,
Castelo d’areia.
Fere-me a alma.
Machuca-me
O coração que anseia
O vazio de sua ausência,
Preencher.

Tempo passa
Ela não vem
Nem a Felicidade,
Nem aquela,
Quem me dera,
Me pudera,
Fazer feliz...

Sorrir,
Quiçá,
Outra vez!!!

Luiz Eduardo Caminha
Floripa, Distrito de Ratones, 14.09.2009

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Blumenau, 159 anos

Blumenau revivida

Blumenau,21 de Agosto de 2009. O Prefeito João Paulo Kleinubing, ladeado pelo Diretor Erivaldo N. Caetano Junior e o gerente Alexandre P. Caminha, entregam à cidade o novo espaço do Procon e a Lei que regulamenta as atividades do órgão, entre elas o Poder de Polícia, que o torna mais eficaz. Presença do Vice-Governador Leonel Pavan, deputado Giancarlo Tomellin, vereadores, representantes do CDL, Sindilojas, entidades sindicais de trabalhadores, empresários. Clima de festa. Dia de cidadania. Festa de uma administração preocupada com os direitos do Consumidor. Blumenau 1 a 0.

Florianópolis, 23 de Agosto de 2009. Estádio da Ressacada, jogo Avaí x Flamengo. Arquibancadas e cadeiras tomadas. O Leão da Ilha em vias de se tornar o time que mais rodadas permanecera invicto na 1ª. Divisão do Futebol Brasileiro. 10 rodadas, mais precisamente.
De repente, acordes, som de instrumentos musicais. Nada das desafinadas bandinhas de torcidas. Uma verdadeira banda, du mann! O Prefeito JPK, ladeado pelo Presidente do Parque Vila Germânica, Norberto Mette, o Conselheiro Wilson Wan-dall, Princesas, Rainha e inúmeras autoridades, irrompem em meio à massa azurra. Promoviam a Oktoberfest 2009. Camisetas, canecos, chope, Ein Prosit! Todo o estádio, rádios e TVs se voltam para Blumenau. As cenas da tragédia de Novembro são relembradas em cada entrevista. O abnegado povo de Blumenau, mais uma vez, se supera e sobrepuja o infortúnio, mostra sua energia, como se quisesse humilhar a natureza pelos castigos que lhe impusera e... sai revivido!!! A voz de um manézinho se faz ouvir: “Blumenau! Dazum banho!” O Brasil inteiro ouviu pela TV o hino executado pela Banda Musical do Colégio Machado de Assis. Clima de alegria. Blumenau 2 a 0.

02 de Setembro de 2009. Blumenau, 159 Anos. A Rua XV revive a Wurststrasse colonial. Novo desfile, nova festa. Tudo novo, especialmente o espírito, a tenacidade, o Blumenauergeist, o desejo de vencer novamente, riscar da memória os rigores da tristeza. Só não se esquece o descaso do Governo Federal. Mais uma vez falta com a cidade, a região, o Estado. Como políticos da pior espécie, prometem e não cumprem!

Blumenau continuará produzindo, arrecadando impostos, esperando a esperança. Vencendo. Oktober à porta. Ein Prosit! Em 2010, uma nova Oktoberfest, uma nova eleição. Vai ter troco. Aqueles que prometeram e não cumpriram que esperem. Fahret zur Hölle!

Ah! Ia esquecendo: Avaí 3 a 0. Blumenau 1000 x 0.

Luiz Eduardo Caminha
Floripa, Ratones, 01.09.2009