caminha, caminhando, poetando, vivendo como Deus me permite viver. É assim que vou. É desse jeito que sou. E aqui vão: notícias mensagens, poesias, crônicas, artigos, enfim, tudo que gosto e sou, parte dos caminhos que este caminhante procura seguir. Apenas isto!

domingo, 21 de junho de 2009

Outono, folhas...esperanças

Amigos,

Vai aí, mais um de meus poemas. Espero que apreciem.

Fim de Outono, começo de inverno, folhas que caem, vida que hiberna. Nós, como as folhas, de passagem... O frio convida o aconchego.

Grande Abraço,

Que Deus os abençoe,

Caminha


Folhas de Outono

São como esperanças,
As Folhas de Outono.

Voam sem saber prá onde
O vento as leva.
Caem porque – urge que caiam!
Donde saíram,
Um broto nascerá.

São folhas, só folhas.
No solo, um tapete – nada mais!
Os pés que as pisam,
Errantes, apenas passam,
Que destino tomarão?

São como o futuro,
Os caminhos pisados,
Nas folhas de outono.
Incertos, imprecisos,
Calçadas de descalços.

Homens cruzam os caminhos,
Pés pisam as folhas,
A vida vai passando
Os passos se vão indo,
Rumo ao amanhã.

Assim mesmo,
Tão certo,
Como uma nova estação,
Como o inverno que virá!
Outono é caminho... de passagem!!!


Luiz Eduardo Caminha

Amor, Paz e Bem, que não custa nada a ninguém!

Floripa, Ratones, 03.05.2009

segunda-feira, 15 de junho de 2009

De poetas e velas

Prezados Amigos,

Um papel em branco, um mar, uma vela branca, um oceano, um poeta, um velejador.
Papel e vela prontos para serem rabiscados!
Navegam as rimas, escrevem as ondas,
Veleja a liberdade!

Aí vai mais uma ousadia de me fazer (ou querer) poeta, muito menos que navegador.

Que seja!


O POETA E O VELEJADOR


Escrever está
Para o poeta, um cantor,
Como velejar,
Para o navegador!!!

Ao poeta cabe velejar
Nos oceanos de si mesmo,
Ao navegador, largar-se ao mar,
Fazer, fora de si, viagens a esmo.

Naquele, a brisa faz a pena
Navegar sobre o papel,
Neste, o vento faz poema
Singrar seu barco, sob o céu.

Sonham ambos, devaneiam,
Cada noite, cada dia,
Ao brilho da lua vadia,
Delírios que vagueiam.

Assim, lá os dois, se vão.
Poeta a velejar,
Velejador a poetar,
A rima, o mar, fazem seu pão.

Em cada folha de papel,
A poesia faz viagem
A cada porto de passagem,
Uma amada espera, fiel.

No porto, esperam a viragem
No horizonte, oceano, céu.
Rabiscam poesias... num papel
Riscam cartas... de viagem!

Poesia navega... veleja afinal!

Luiz Eduardo Caminha
Floripa, Ratones.
Escrevinhada em 17.05.2005
Revisada em 14.06.2009


Amor, Paz e Bem, que não custa nada a ninguém!

Que Deus os abençoe,

Caminha

Visitem meu site: www.stmt.com.br

domingo, 7 de junho de 2009

Réquiem à minha mãe

Faz uma semana

“requiem aeternam dona eis” – dá-lhes o descando eterno

Faz, hoje, uma semana que perdemos nossa mãe. Edy Ávila Caminha, a vó Edy. Ainda lembro. O sol de outono já declinava sua cabeça por trás dos montes, a luz do dia ia se apagando, o dia se findando, o crepúsculo anunciava uma noite estrelada. A pressa dos trabalhadores do Jardim da Paz denunciavam: temos que terminar antes que a noite chegue. Lembrei do sepultamento de Jesus. A correria - mal deu tempo para despedidas - nenhum osso quebrado, cumpria-se a Escritura.

O som das lápides de cimento colocadas por sobre o caixão, o roçar das colheres de pedreiro a vedar qualquer buraco que restasse, o surdo compasso do barro caindo sobre as lápides que encobriam uma urna de madeira, último descanso daquele corpo inerte. Ainda lembro de seu rosto sereno, parecia ter sido submetida à uma plástica facial. Irradiava luz, irradiava paz, irradiava esperança. Parecia disfarçar um sorriso de satisfação.

Hoje ainda sinto um sentir diferente. Não foi assim quando perdemos nosso querido pai Hamilton, nem quando nos deixou nosso irmão Luiz Fernando. A medicina ayurvética chama a isto de memória celular. Deepak Choppra traduziu-nos como memória quântica. Como se cada célula do corpo transmitisse a cada uma que lhe substitua, no frenético nascer-morrer de nossos tecidos, a carga de memórias vividas.

Talvez eles tenham razão. O que sinto, quem sabe, esteja ligado a isto. Ao fato de que cada filho experimentou transmitir àquele ser em formação, esperança do amor dos pais, nove meses de mensagens memoriais de um ventre, abençoado pela fecundidade. Talvez estas impressões sejam a causa deste jeito diferente de sentir. Não sei! O fato é que o sentimento da perda de uma mãe é, pelo menos para mim, diferente da perda de um pai ou um irmão. De todos sentimos a falta. De todos nos emocionou e levou às lágrimas a partida, o adeus final, de todos sentimos a tristeza e a dor fazendo morada em nosso coração. Mas no caso de uma mãe, assoma-se um outro sentimento de perda. Como se algo fosse arrancado de nós mesmos, talvez de nossas células. É como se morrêssemos também um pouco. Como se um vazio invadisse nosso coração e, como um tsunami, percorresse todo o nosso corpo. Um vazio ausência, como aquele cobertor que, nas noites mais frias, cisma em abandonar seu lugar, cair ao lado da cama, nos deixando expostos. É isto! Um cobertor. É a melhor ilustração que possuo. Este sentir é tal qual um manto que nos foi tirado em dia frio. A pele, a própria carne, sente que algo aconteceu. Um rompimento com a segurança, com a proteção. Que é diferente é!

É assim que sinto!

Eu creio, sim, na Igreja Universal, na comunhão dos santos, na Igreja invisível, na koinonia - união de todos os irmãos que crêem, os vivos e aqueles que já partiram. Entretanto, fica aquela percepção de ausência de proteção quando sabemos que ela, a nossa mãe, não está mais lá, fisicamente, ante seu oratório de inúmeros santos, a pedir intercessão por nós. Fica a sensação daquele elo quebrado que, dia a dia, minuto a minuto, em frente ao seu altar, defronte à Rede Vida, estava lá, a pedir pela gente. Falta aquele telefonema, uma, duas, três vezes ao dia, às vezes, a comunicarmos que tudo ia dar certo porque ela já havia orado a Deus. Nós poderíamos até esquecer, ela não. E esquecíamos não por negligencia. Sabíamos que ela estava lá. Como as freiras clarissas que lá estão, escondidas a orar pela humanidade, a preencher o espaço deixado pela falta de oração desta própria humanidade.

Eu sei! Eu sei! Agora ela não precisa mais fazer suas orações naquele oratório, na frente da televisão ao assistir a Rede Vida, de olhos fechados, na cama, ao desfiar as contas de seu rosário. Agora ela está lá! Despacha direto com Deus. Ela não precisa mais lembrar Maria, inúmeras vezes, para interceder por nós junto a seu Filho Jesus Cristo e a Seu Pai. Agora é Maria quem lhe dá a mão e lhe põe de joelhos defronte à sarça ardente, aos pés do Seu e Nosso Senhor. Não precisa mais confundir e assoberbar seus santos com pedidos para uns e para outros. Agora ela o faz pessoalmente, em união com eles, como se fosse um deles.

Há muitas outras coisas que se foram. As continuas trapalhadas, o falar rápido, o “tenho medo de ti, guri! Alguns palavrões que já foram, de tão inocentes, incorporados ao Aurélio, a insistente e inconfundível desconfiança, herança de São Tomé. Também não vai ter mais a subtração distraída de um carro estranho num estacionamento de um “shopping” porque a sua chave lhe coube no estojo, nem terá mais que reclamar com a gerência da loja porque o manequim de gesso da vitrine não lhe dera atenção, nem o fantasiar-se de mascarado vai haver mais.
Enfim, muitas coisas doces, hilárias, algumas tristes, a maioria alegres, ficarão na nossa lembrança até que partamos para, merecendo-o, encontrá-la. Sim, porque ela está lá. Já encontrou a todos. Nosso pai, que após sua morte roubou-lhe muito da vontade de viver e resmungar, seu amado segundo filho, um inconformismo que disfarçava magistralmente de todos, seus irmãos, sua mãe, a vó Mimosa, tantos outros e, sobretudo, Deus Pai, Jesus Cristo, Maria, nos quais acreditava tanto e tinha uma intimidade tão intensa como se dividisse, com eles, o espaço de seu apartamento.

Mas, por certo, estará vigilante, pelos seus, por nós, por todos os parentes, pelos amigos. Não tenham dúvida, ela não se conformará como o rico que pediu a Deus permitir que Lázaro avisasse seus parentes que o inferno existia. Com certeza, ela encherá tanto a paciência de Deus Pai que Ele a permitirá, sim, vir visitar-nos para dizer: o céu existe, o inferno também, façam tudo direitinho para virem para cá, para o céu, para a eternidade, onde estamos.

A Rede Vida perdeu uma fiel telespectadora. O Céu ganhou uma atriz, estrela de primeira grandeza.

Se não crêssemos nisto, como diz São Paulo, vã seria nossa fé.

Até breve, mãe! Até breve vó Edy.

Luiz Eduardo Caminha,
Ratones, Floripa, 05.06.2009

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Parafraseando Pessoa

Amigos,

Que me perdoe Fernando Pessoa, um dos maiores poetas portugueses, senão o maior, mas não dá para aguentar Brasília. Ela é a anti-poesia de Pessoa e seu mar não tem as cores do mar português ou de qualquer outro mar. Seu mar tem a cor de "burro quando foge", a cor da lama, aonde navegam fogosos marinheiros, acostumados, com raríssimas excessões, a vilipendiar o erário público, o povo brasileiro. Nem o mar do caribe viu tanta vilania.


Parafraseando Pessoa


Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. (Fernando Pessoa em Mar Português)

...

Deus quis, Juscelino sonhou,

Lucio Costa planejou,

Niemayer projetou,

Burle Marx fez seus jardins,

E o diabo...


Plantou a corrupção,

Nas suas duas variedades,

O corruptor e o corruptível.


Nasceu Brasília, o Congresso,

A Esplanada, a Belacap.

A obra?

Não! Um cancro,

A espalhar metástases,

Brasil afora!


P.S. Pessoa imaginou um Portugal império que se consolidaria pelo imenso oceano, o mar português. Brasília também é oceano, também é mar... de lama e corrupção!


Luiz Eduardo Caminha,

Ratones, Floripa, 28.05.2009