caminha, caminhando, poetando, vivendo como Deus me permite viver. É assim que vou. É desse jeito que sou. E aqui vão: notícias mensagens, poesias, crônicas, artigos, enfim, tudo que gosto e sou, parte dos caminhos que este caminhante procura seguir. Apenas isto!

terça-feira, 22 de julho de 2008

Mais dois poemas

Prezados Amigos,

Aqui vão mais dois poemas. Um deles (íntimo) que tive o prazer de ver selecionado no 5o. Concurso Guamanisse de Contos, Crônicas e Poesias. O outro! Bem, o outro é mais um desabafo, afinal não sei o que está acontecendo com a polícia. Em Blumenau, uma vez, eles quase fizeram o mesmo com meu filho. A desculpa é sempre a mesma para justificar seu despreparo e sua violência. Do jeito que vai, vamos soltar os bandidos e nos proteger nas cadeias.

Tá um abuso! Saem atirando como se fossemos bandidos. Cuidem-se pois: Ao ver uma Blitz! Rezem! E muito!


ÍNTIMO
Luiz Eduardo Caminha

Voas,
Um cavalo alado.

Buscas,
Um mistério insondável.

Gritas,
Um sussurro incontido.

Sonhas,
Um sonho impossível.

Vives,
Uma vontade infinda.

És,
O âmago etéreo de um ser.

A consciência íntima,
Do eu.


Polícia bandida?

Corra! Corra!
Fuja se puder!
Um ladrão?
Um bandido?
Triste sina!

Se ficar,
Ele me pega.
Se correr?
A polícia,
Me assassina!

Vou ficar!!!

domingo, 20 de julho de 2008

O mar, onde a terra jaz

Mar


Se tem uma coisa que eu gosto, navegar, sem dúvida, talvez seja uma das que mais aprecio. Tá certo! Gosto também de mergulhar, bater fotos submarinas, tocar um violão, cantar, viajar. Bem, tem um monte de coisas que eu gosto. Mas o mar!!! Ah! o mar - é demais! É de...mar! de a...mar!

Esta poesia abaixo foi pré-selecionada no II Concurso Guemanisse de Contos e Poesias. Entre quase 1.500. Fala de mim! Fala de mar! Dá até, com esforço de vocês, sentir o barulhinho das ondas e o frescor da brisa que refresca a tez marcada bronze pelo Sol.


O MAR, ONDE A TERRA JAZ
Luiz Eduardo Caminha


Mesmo que haja vento,
Que o mar se encapele;
Mesmo que as ondas se agigantem,
E o vento sul traga o frio;
Mesmo que não haja peixe,
E o céu azul das manhãs, não desperte;
Mesmo que o sol ainda durma,
E seus raios não aqueçam o dia;

Eu vou pro mar,
Lá, onde a terra jaz.

É lá, que viaja minha mente,
Que eu sinto Paz!!!

terça-feira, 15 de julho de 2008

Queridos amigos que ousam visitar este espaço,

Aí vai uma reflexão, uma oração em crônica que escrevi muitos anos atrás quando apresentava o Programa FELIZCIDADE, na TV Galega de Blumenau. Nos dias que passamos, em que a violência parece ter se tornado a regra e a vilania uma virtude, penso que ainda está muito atual.

A Chave de Ouro

O Livro Sagrado ao descrever a criação do homem o faz desta forma : “E então Deus criou o homem, a sua imagem e semelhança, homem e mulher os criou, à imagem de Deus os criou”.
Ao tentarmos enveredar pelos magníficos campos que a interpretação pode dar a este momento impar da Criação, não fica difícil imaginar que o homem foi criado para viver em plenitude semelhantemente a seu Criador.

Deus é pleno, é harmonia, amor, equilíbrio, infinito, o bem. Por mais que tentemos, não existem palavras em dicionário algum, em qualquer língua, que consiga expressar a concepção de Deus. Nossa mente não consegue dimensionar este ser. Talvez a melhor expressão para definir a Deus seja “Deus é tudo e o todo” Porque? Simplesmente porque o homem é finito e não consegue mensurar o infinito, o absoluto. Entretanto, isto tem pouca importância. O que importa mesmo é sabermos a essência do porque e para que fomos criados. Ora, se fomos criados à imagem e semelhança de um ser pleno é para isto que fomos criados.

Na verdade, este desejo, esta vontade do Criador, está impregnada em nós mesmos. Como uma sementinha esperando o momento de desabrochar dentro de nós mesmos a árvore que dá sentido à vida, como uma marca, uma assinatura que o artista faz ao terminar sua obra. Dentro de cada um de nós há uma espécie de memória, um pequeno “chip” que tem armazenado esta memória do absoluto, de Deus. Uma matriz situada em alguma gaveta do subconsciente, onde está impresso que fomos criados para o bem, para a felicidade, para vivermos em paz, em harmonia, em equilíbrio, no amor.

O que precisamos, e aí está o grande segredo de quem vive assim, é descobrirmos o nosso programa, o nosso software que abre esta gaveta, libera esta matriz e nos põe as condições para buscarmos estes paradigmas.

O próprio Jesus Cristo, quando esteve em nosso meio apontou a chave para este programa. Esta chave você pode encontrar nos capítulos 5, 6 e 7 do Evangelho de São Mateus que reporta todos os ensinamentos do Mestre no chamado Sermão da Montanha.

Faça uma experiência. Pegue a sua Bíblia, o seu Novo Testamento e procure ler pausadamente, refletindo, meditando sobre cada versículo. Faça isto com sua família. Você vai ter uma agradável surpresa. Só para lembrar Evangelho de São Mateus, capítulos 5 , 6 e 7. É exatamente neste sermão que Cristo dá a receita para começarmos a busca por uma vida feliz.

Falando a seus seguidores Jesus pergunta ; “Qual dos mandamentos vos parece ser o maior. Um dos presentes respondeu “O maior dos mandamentos é amar a Deus sobre todas as coisas” Mas há um segundo mandamento, disse Jesus, que é tão grande como este “Ama o próximo como se fosse a ti mesmo” e segue, entre tantos ensinamentos dizendo. “Eu não vim para tirar um jota ou um traço da lei . Eu só vim para subrogá-la”. Há que se dizer, a letra jota é a menor do alfabeto hebraico, a língua do povo escolhido por Deus, os hebreus, para quem o Mestre ensinava.

Mas, é no versículo 12 do capítulo 7 que Cristo mostra o programa, o software, a Chave de Ouro, que abrirá aquela gaveta do subconsciente e liberará a matriz que nos faz “imagem e semelhança de Deus” – “Tudo o que desejares que os homens vos façam, fazei-o vós primeiro a eles”.

Ora todos nós queremos para nós próprios coisas boas. Pois façamos para os outros coisas que sejam boas. Todos querem ser amados. Pois esqueçamos o ódio, a mágoa, o rancor. Amemos primeiro os outros, que são nossos irmãos nesta Criação. Todos nós queremos o bem. Pois façamos primeiro para os outros o bem. Todos queremos a paz. Pois sejamos apóstolos da paz. Todos gostamos da gratidão de nossos filhos de nossos amigos, das pessoas. Pois sejamos, nós, gratos por nossos filhos, nossos amigos. Saibamos ser gratos às passoas que nos rodeiam. Todos gostam de um afago, um carinho, um abraço, um sorriso. Pois vamos nós próprios, primeiro, ser ternos, afáveis, distribuir os braços a todos que precisam de abraços. Não sejamos amargos. Sejamos nós os primeiros a sorrir, para os outros, para a vida. Muitas e muitas vezes precisamos de um ombro amigo. Pois estejam os nossos ombros sempre livres para quem quiser repousar sobre eles as suas angústias, as suas aflições.

Lembrem-se : nós fomos feitos para viver no amor, sem ódios, sem guerras, sem conflitos, sem inveja. Fomos moldados para a harmonia, o equilíbrio, a paz. Vivamos pois assim com os nossos próximos mais próximos, a nossa família, o nosso vizinho, os nossos amigos, a comunidade, com todas as pessoas, com a natureza, com a água, o mar, os céus, o mundo que nos rodeia, porque como nós foram os seres e elementos concebidos como obra de uma só Criação.

Não importa a fé que você professa, a religião que você tem, busquemos todos a felicidade. Afinal quem somos nós para julgarmos. É o próprio Mestre quem recomenda.: “Não julgueis e não sereis julgados, porque com a mesma medida que porventura julgares sereis vós também julgados”.

Vejam a beleza destes pensamentos extraídos do livro “A arte da felicidade” de Howard C. Cutler, Médico Psiquiatra e de Tenzin Gyatso, o Dalai Lama : “Acredito que o objetivo de nossa vida seja a busca da felicidade. Quer se acredite em religião ou não, quer se acredite nesta ou naquela religião, todos nós buscamos algo melhor na vida. Portanto acho que a motivação de nossa vida é a felicidade. Quando você mantém um sentimento de compaixão, bondade e amor, algo abre automaticamente sua porta interna. Com isso, você pode se comunicar mais facilmente com as outra pessoas. E esse sentimento de calor cria uma espécie de abertura. Você descobre que todos os seres humanos são exatamente iguais a você e se torna capaz de se relacionar mais facilmente com eles.

Você acredita nestas coisas? Pois eu acredito! Sabe aqueles momentos que você está triste ? Isto acontece pela saudade que você tem daquela matriz, daquela sementinha imagem de Deus que está plantada em você e, por algum motivo, você esqueceu ou não encontrou. Sabe aqueles momentos de angústia, de dúvida? São saudades desta sementinha. Saudades do Deus que habita em você.

Somos um templo. Um templo que abriga o Criador. Deus está em nós... e se faz! Basta que estejamos abertos a isto. Basta que queiramos.

Amor, Paz e Bem, que não custa nada a ninguém!

domingo, 13 de julho de 2008

Esse Cara

Queridos Amigos,



Uma semaninha fora foi bastante. Exames de novo, novas consultas, mas graças a Deus, está tudo bem.

A foto é um brinde. Tirei num dia em que estava em Barreiros, município de São José. Uma vista da Baía Norte. Ao fundo, a Ilha de Santa Catarina. A luz, do Sol, diz muito do que está aí embaixo.

Aí vai uma singelo poemoração a alguém que me é Norte, é sentido de minha vida.


ESSE CARA

Manhã cedo, eu desperto, feliz estou me vendo,
Um cara, um encontro, há tempos não o via,
Um cara que faz tempo, há tempos me dizia,
Vem comigo meu irmão, toma a mão que te estendo.

Faz tempo ele me chama, (Este cara, amigo meu)
Me inebria, como o vinho,
Me alumia, é meu caminho,
Na entrega, ele me ama.(Se entregou, por mim morreu)

Sinto acesa qual a chama, a fé me move a esperança,
Meu caminho faz suave o suor de minha andança,
Brilha longe a sua luz, nele some toda a maldade,

Com ele, de mãos dadas, vivo alegre minha lida,
Ele aplaina as montanhas, diz baixinho: eu sou vida,
Vou em paz, feliz eu vou, ele é minha verdade.

Sem esse cara não há luz,
Sem sua luz, eu sou ninguém,
Seu amor me fez alguém,
Esse cara...é Jesus!

domingo, 6 de julho de 2008

Clamor

Queridos amigos que ousam freqüentar este Blog,

Aí vai mais um poema que tive a honra de ver selecionado no III Concurso Guemanisse de Contos e Poesias.
Minha fonte inspiradora foi, de novo, a sociedade dos invejosos, aquela "seita" que vive me querendo calar. Mas se estrepam! Não calo! E pronto!
Hei que dar voz a minha voz incontida.

Que Deus os abençoe!

C L A M O R*

Luiz Eduardo Caminha

* Poesia selecionada no 3º. Concurso Guemanisse de Contos e Poesias


Vou deixar de cantar,

Parar de falar,

Ouvidos cerrados,

A sociedade alienada,

Não me quer ouvir,

Não me escuta mais.

O silêncio será minha forma,

Meu olhar, o meu estilo,

Os ouvidos, minhas antenas,

A mente, minha fonte de arquivos,

O recuo, minha estratégia.

Quando, então, pensarem que morri,

Quando minha voz esquecerem,

Eis que farei ressurgir

Meu timbre,

Como um címbalo,

Que retine,

Como o badalo,

Que fere forte o sino.

O eco de minha voz,

Mexerá as consciências,

Doe a quem doer,

Fira a quem ferir!!!

sábado, 5 de julho de 2008

Hai-Kais, minha homenagem aos japoneses


Ao rever este garapuvu florido, nos fundos de minha morada, lembrei que é época de homenagens.

Com o devido perdão por minha intromissão numa de suas expressões poéticas - os Hai-Kais, aí vai minha homenagem à colonia japonesa, nos seus 100 anos de chegada ao Brasil.

H A I – K A I S*

Luiz Eduardo Caminha

I

O Sol doirado

Se acorda n’horizonte

A aldeia vive


II

Embaixo do Ipê

Passada a chuvarada,

Tudo reluz ouro


III

No plácido mar

A brisa sopra o velame

A mente navega.


IV

O Colibri voa

Num rápido beijo rouba

O doce da flor.


V

Manhã, de sonhos,

À tarde, mil esperanças,

De noite, Amantes!

*Publicados no Livro Hai-Kais em Setembro, Projeto Palavras Azuis.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Blumenau x Portugal

Bem gente, eu estava devendo alguma coisa sobre nosso III Encontro Luso-Brasileiro de Escritores, realizado entre 12 e 15 de Junho em Blumenau. É isso mesmo!!! Em Blumenau, esta germânica cidade do sul do Brasil que também tem uma enorme colônia de descendentes lusitanos. Durante estes dias, Blumenau foi a capital da lusofonia. Pois aí vai minha impressão sobre o evento.


Blumenau também é Portugal

Não há dúvida qualquer. Queiram ou não os céticos, os xenófobos, aqueles que vivem a ilusão da raça pura, os que ainda segregam ou degredam, os que excluem ou se auto-denominam superiores, Blumenau se curva a uma doce e rica realidade: aqui também é Brasil e por mais que se tente preservar o idioma e a cultura alemã – que infelizmente está sumindo – aqui os traços do brasileirismo convivem com os desta bela e loira gente, nesta imensidão continental chamada Brasil. Não foi ao sul da Alemanha que Hermann Blumenau e todos os colonos que o seguiram se deslocaram enfrentando, muitas vezes aventuras e agruras. Não! Esta terra, chamada Blumenau, está bem ao Sul da Alemanha, em outro continente que não a velha Europa. Esta aldeia está na mais nova terra da promissão. Aquela que abriu as portas para um grande amalgamamento de raças, culturas e origens. Uma terra nova, chamada Brasil.

Aqui, em que pese a necessária preservação da cultura trazida do Velho Mundo, tudo se mistura, para o surgir de uma outra cultura, outras tradições e, até, de uma neo-invenção das velhas. Aqui, o elemento europeu misturou-se aos índios, aos africanos, aos orientais e construiu um ser “sui generis”, cheio de jeitos e trejeitos herdados, outros adquiridos, mas sobretudo, transformados para um novo “modus vivendi”, o jeito de ser brasileiro, um “braziliengeist”.

Aqui se dança o samba, se joga o melhor futebol do mundo, aqui se fala o alemão, o indiano, o tupi, o guarani, o mandarim, o italiano, o polish, o iidish, aqui se fala em quase todos os idiomas do planeta, mas aqui, todos se cobrem sob o manto de Camões, o manto da última flor do láscio, aqui se pratica o português que, não por acaso, também surgiu no Velho Continente. Aqui se rendem todos a esta língua, mesmo que alguns não queiram, aqui se vive Portugal. Se há um pouco de Alemanha, de Itália, da Polônia, da Coréia, China, Japão, enfim um pouco de qualquer nação, aqui há muito de Portugal. Se foram eles que nos descobriram, ou nos inventaram, não resta dúvida, aqui outros se miscigenaram para construir, com seu suor, seus hábitos, seus costumes, um novo pedaço de chão uma nova nação.

Não há porque temer. Somos sim, filhos de Portugal, naturais, bilógicos ou enteados, mas somos filhos de Portugal e, porque não dizer, irmãos de Angola, Moçambique, Goa e outras paragens mais onde o espírito aventureiro dos navegadores se dispôs a ir.

E isto ficou patente entre os dias 12 e 15 de Junho, nesta germânico-brasileira-portuguesa Blumenau, durante o 3º. Encontro Luso-Brasileiro de Escritores do Portal CEN, onde de um lado alguns poucos portugueses se ajuntaram a descendentes de alemães italianos, poloneses, mas todos, sem exceção, brasileirinhos da silva.

A festa foi um sucesso. Que o digam os Matos, os Melo, os Ribeiro, os Ferreira, os Azevedo, os Klueger, os Steil, os Heyden, os Hadlich, os Bornhofen, os Petry, os Weirich, os Barros, os Machado, os Manczak, os Leivas, que cantem os Braga, os Victor, os Oliveira, os Limeira e os Garcia, os Zunino, os Vanutti, Albarello, Tomarchio, os Nazaro, os Silva, os Martins, os Nascimento, os Brasil, os Assad, os Lamounier, os Maraci, os Canales e os Zahler, que prosem os Sachet, os Fárion, os Ennes, os Cardoso, os Coutinho, os Azevedos, os Castel-Branco, que troem os Trovão, os Gusmão, os Pimpão e os Mourão, que escrevam os Caminha, os Távola. Ufa! Enfim, que falem todos, nomes e sobrenomes e que os Santos digam amém.

Aqui é Blumenau! Aqui a Santa, e Bela, é Catarina, Aqui é Brasil! Cá é Portugal e Acolá... Bem, acolá que seja o resto. Que venha o 4º. Encontro porque este, como os outros já fez sua história, construiu esta ponte que é lusófona, mas que, sobretudo, mostra gentes que, independente de onde venham e para onde irão são irmãos, amigos, amados, viveram e vivem a fraternidade do Portal CEN e são filhos, com nome, sobrenome, heteronome, e tudo mais, de um mesmo Pai: Deus!

"O Senhor vos abençoe e vos guarde! O Senhor vos mostre a Sua face e conceda-vos a Sua graça! O Senhor volva o Seu rosto para v[os e vos dê a Paz!!!" ( Números 6, 24-26)

Amor, Paz e Bem, que não custa nada ninguém!


Luiz Eduardo Caminha

terça-feira, 1 de julho de 2008

Meu próprio eu

Prezados Amigos,

Segue um poema de minha autoria, selecionado no CONCURSO GUEMANISSE DE CONTOE E POESIAS DE 2006 e publicado pela Editora Guemanisse na Antologia "Asas e Vôos".

Protegido, portanto, pela lei de Direitos Autorais.


MEU PRÓPRIO EU

Luiz Eduardo Caminha

Se meu próprio eu, encontrar pudesse,
Mesmo que isto não o merecesse,
Procuraria (em mim) algo que embevecesse,
Quiçá sementes de frutos, que brotar quisessem.

Sentado à praia por certo estaria,
A espreitar que meu eu se transportasse,
Vindo do infinito horizonte, me orientasse,
Porque, por lógico, do infinito ele viria.

E neste amplo ameno mar sereno,
Quão vil, minúsculo eu próprio me veria,
Porque de tanto ele velejar o mundo,
Se lhe mostro o quanto sou eu pequeno.

E logo, logo, teria ciência,
Não cabe em mim o meu próprio eu,
Sou um casulo, prá que caiba tanto.

Ele viajou mundo, viu guerra e paz,
Amor e ódio, inveja, medo e justiça,
Tanta coisa soube, que sou incapaz,

De ter um corpo que o caiba todo.
Arrebatado dos egoísmos meus,
Não seria doravante mais que um tolo,
Se não deixasse penetrar-me a Sabedoria … Deus!!!

Meu eu, minha mente ocupou,
E viajou tanto, tão grande se fez,
Que já nem cabe mais em mim,
De tão pequeno me mostrei quem sou.

E sei que assim o sou,
Porque assim me quis fazer,
Ainda bem que me sobra tempo,
Prá corrigir meu rumo, e ver o norte, para onde vou.

Qual um pássaro nos céus a me espreitar,
Qual oceano todo que à praia vai parar,
Meu eu e eu hão de se encontrar,

Daí verei que pequeno, mesmo grande posso ser,
Porque maior que meu próprio eu,
Está meu querer, em ser, meu ser em me querer.