caminha, caminhando, poetando, vivendo como Deus me permite viver. É assim que vou. É desse jeito que sou. E aqui vão: notícias mensagens, poesias, crônicas, artigos, enfim, tudo que gosto e sou, parte dos caminhos que este caminhante procura seguir. Apenas isto!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Os cães e gatos abandonados

Prezados Amigos,

Esta crônica é dedicada à uma prima, Eleonora Campos Schlemper Mendonça, bióloga, moradora, como eu, dos Ratones, que além de suas atividades profissionais e domésticas, ainda se dedica à árdua missão de tirar das ruas os animais de estimação (especialmente cachorros) que alguns desavisados, mal intencionados e irresponsáveis "donos" (ou seriam carrascos?) insistem em abandonar em nosso bairro e em outros bairros de Floripa.

Prendam suas cabritas

Nosso matuto tem algumas tiradas filosóficas, baseadas no que observa da vida, que são sensacionais. “Prendam suas cabritas que meu cabrito tá solto” é uma delas. O conselho busca eximir de culpa o filho adolescente, com os hormônios sexuais a mil, que não pode ver um “rabo de saia”, sem que não se enrabiche atrás! Daí, como diz o popular: “criança que faz criança, não é mais criança!”, é muito claro o conselho do matuto aos pais das moçoilas namoradeiras: Cuidem de suas filhas porque meu filho tá solto. Se algo acontecer não tenho culpa.

Assim como não há cantor que faça sucesso sem que haja quem o escute, também não há cantada – por melhor que seja – que termine numa cama sem que haja a conivência de quem é cantada ou cantado.
Também é assim no reino animal. Um cabrito só cobre uma cabrita se esta der o sinal – conivente ou não – de que está no cio. O mesmo se dá com cães, gatos, e todos os outros animais, à exceção dos símios que, neste aspecto, parecem seguir a cartilha sexual do bicho homem: bobeou? Babau!

Fujo deste intróito para adentrar ao pacato vilarejo onde vivo, cá na região norte de Florianópolis, no bairro rural – melhor, distrito - conhecido por Ratones.

Nosso distrito passou a ser desova de filhotes de cachorros, fruto de escapulidas de alguma cadela de raça, ou o destino de cães e gatos cujos donos, por pura irresponsabilidade, resolveram deles dar cabo seja por que a “madame” aborreceu-se com o pobre animal, seja por um casório desfeito, seja pela mudança de uma casa para um apartamento, ou outro motivo qualquer. E creiam, há muitos! Isto sem contar os que são jogados do alto de uma ponte, em um saco qualquer, nos diversos ribeirões que irrigam nossa paradisíaca ilha - um ato covarde e selvagem próprio de ignominiosa deturpação de alguns espécimes de nossa raça humana. O mais comum, dentre tantos, é a desova de filhotes de 2 a 6 meses – coitadinhos! – nascidos de uma cadela de pura raça com um vira-lata qualquer ou com um belo espécime de outra raça que, vendo-a à rua, depois de uma escapadela, acoita-a no cio e, acaba por, digamos, fazer-lhe mal – ou bem, sei lá!!!
Às vezes, a ninhada é um mimo. Outras, uns bichinhos vira-latas não tão jeitosos, embora quando ainda bebês – é assim que se diz? – pareçam todos uns amores.

O que me dá nos nervos é a desfaçatez, a irresponsabilidade, a selvageria - seja lá que nome se dá - destes ex-donos inescrupulosos e irresponsáveis. Não cuidam de seus bichos – ditos de estimação! Pois eu digo: estimação os cambau!!! – e quem paga o pato, além dos filhotes, é uma comunidade que nada tem a ver com estes energúmenos cidadãos de araque.

Inconformados com a traição de sua estimada cadela impõem à sua indesejável ninhada um destino cruel: o abandono – isto se não tiverem alguns filhinhos pudicos que resolvem vê-los crescer, “só prá ver no que vão dar”! Se forem mimosinhos, procuram parentes e amigos para presentear. Se forem feinhos – e muitos o serão – condenam-nos às ruas, à própria sorte, se é que pode se chamar a isto de sorte!. Deveriam ser presos!

Vai daí que ouso sugerir a esta corja de malandros:

1 - se você quer dar fim a um de seus bichos, telefone ou procure as inúmeras associações de proteção a animais abandonados – tem gente na fila esperando para adotar um bicho destes;

2 - se não quiser uma ninhada indesejada, providencie a castração de sua cadela ou bichana;

3 – se ainda assim não for de seu agrado, doe o bichinho para alguém porque você está entre aqueles que não tem a menor capacidade de assumir uma responsabilidade destas. Cuide apenas de seus filhos, que já é muito!

Agora se nada disto servir, siga o conselho do matuto: amarre sua cabrita (ou cadela, ou gata, ou o bicho que o carregue) porque tá cheio de cabrito solto e nós não temos que estar consertando um ato que é fruto de sua omissão.

Nem nós, nem os bichos merecem isto! Tá certo, seu coió?!

Luiz Eduardo Caminha
Floripa, Ratones, 10.11.2008

8 comentários:

  1. Prezado Caminha,
    Não é de agora que lhe tenho admiração profunda, por tudo que já hauri de sua vida e de sua postura, enquanto ser humano. Na presente crônica, com alguns puxões de orelha vindos em muito boa hora, deliciei-me com sua linguagem coloquial, tão bem posta. É a diversificação de expressões de quem tem muito a expressar.
    Um fraternal abraço.
    Adilvo - Dourados - Ms

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  2. Suponhamos que uma gata fértil gere em um ano duas gatas
    férteis. Então em dez anos sua descendência será de 1000 gatas férteis, em 33 anos 8 bilhões de gatas férteis, uma por metro quadrado da superfície do Brasil. Para manter a população constante, cada fêmea fértil so pode gerar uma fêmea fértil, e todas as outras tem necessariamente que morrer. Na natureza ou fora dela. Na natureza os gambás comem os gatinhos, morrem de fome ou de doença: da prole de cada gata só sobra uma gata fértil. O mesmo para as tartarugas que botam centenas de ovos, ou para os peixes que botam milhares. Para manter a população de gatos sem matar os bichinhos, há que fazer uma boa criação de gambás, que darão conta do serviço, ou esterilizar todas as fêmeas, o que é menos natural.
    Esta é uma questão aritmética que os defensores da vida dos animais têm que levar em conta. Quando o equilíbrio é rompido, rompe-se o equilíbrio na natureza, com superpopulação de coelhos (Austrália), de jacarés (Mato Grosso) ou de elefantes (Africa).
    Uma opinião cética do amigo Clovis

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  3. Caminha,
    Concordo plenamente com tudo isto que você escreveu e morro de pena dos coitadinhos,tanto pequenos quanto adultos velhos. Filhos da p...que fazem esta maldade. São uns ignorantes, ao máximo.
    Sabes Caminha,o que você acha de fazer uma vaquinha(eu coopero ) e fazer um cartaz na entrada de Ratones com TEU Artigo?
    Agora no Natal iamos pegar uma cartinha no correio para Papai Noel de crianças pobres, mas estou vendo que os animais necessitam também porque as pessoas viajam e param de doar por causa das festas e ferias de Verão.

    Um bj

    Cecilia

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  4. Oi, Caminha, tentei deixar um comentário para a tua crônica, mas é muito complicado. De qualquer forma, ADOREI a mesma!

    Urda.

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  5. Oi, amigos,

    Como estão vocês, já passou o susto não é? agora é ajudar a reconstruir...
    Gostei do texto Caminha, me lembrou o dia em que, nós eramos recém-casados
    e o pai do Jean nos acordou muito cedo, convocando o Jean para ir urgente
    na casa dele e assim pegar a Cherry (cadela que eles criavam e já tinha 7 anos ainda virgem) e levá-la para soltar num lugar bem distante pois "essa rapariga nogenta eu não quero mais aqui" era o que ele dizia revoltado por ela dado uma escapulida para encontrar com o vira lata que ia passando. Depois tudo passou a Cherry ainda pariu dois filhos que não sobreviveram, penso eu que era por causa da
    idade.
    Um grande Abraço,saudades e que Deus nos Abençoe sempre

    Maze

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  6. OBRIGADAAAA AMADOOO PRIMO!!!!!!!!!!!!!!!
    AMEIIIIII!!!!!!!!!!!!
    FIQUEI SUPERRRR HIPERRRR LISONJEADA E FELIZ C/ A HOMENAGEM!!!
    OBRIGADA PELO CARINHO E RECONHECIMENTO!!!!!!!!!!!!!
    E...PARABÉNSSSSS PELO TEU LIVRO!!!
    PARABÉNS PELO OBJETIVO E SONHO ALCANÇADO!!!
    POSSO IMAGINAR O QTO ESTÁS FELIZ E REALIZADO!!!
    FIQUEI TBEM MTOOOOO FELIZ C/ A NOTÍCIA E AINDA MAIS AO SABER DESSA CRÕNICA QUE ME FOI DEDICADA!!!!! MARAVILHAAAA!!!!!!!!!!
    BEIJOOOSS E QUE DEUS TE PROTEJA!!!
    TE ADORO,
    NORA.

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  7. Parabéns.
    Só quem ama os animais sabe o valor do amor para com o próximo.
    Felizmente temos em nosso meio, muitas pessoas que se prestam a esse serviço de retirar os animais das ruas.
    Parabéns a ela também.
    Clévio
    cleviojs@yahoo.com.br

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  8. Grande Amigo Caminha:

    Uma tendência natural daqueles que gostam de fazer trabalhos manuais é não ter paciência para a leitura. Em que pese algumas exceções eu me enquadro nestes impacientes que não tem o habito da leitura.

    Observo que quando dou início aos seus escritos, como este que narra atos de selvageria que vem ocorrendo aí no Ratones, as palavras são absorvidas naturalmente e, muitas vezes, me surpreendo sorrindo e imaginando a cena.

    Você faz uma mistura de componentes, que agregam fatos com curiosidades do seu cotidiano e do seu imaginário criativo, um exemplo claro disso é sua espetacular cronica que mostra a indignação do matuto ilhéu em saber que o “tali” de bacalhau não existe. Algumas expressões ali postas e os fatos que motivaram as suas criações e existências, eu nativo ilhéu desconhecia, como por exemplo a sopa de pombos que originou: “mofas com a pomba na balaia”, e outra que eu não tinha conhecimento foi a “dormir com os bilros na almofada” e outras tantas.

    Você deveria se aprofundar no estudo das expressões nativas, trazendo assim para o conhecimento público dos significados, das curiosidades e os fatos que geraram o seu surgimento, pois deve existir muitas pérolas que se encontram em vias de extinção por interferências alienígenas.

    Quem sabe até uma narrativa da história da cidade de Florianópolis, como nunca antes abordada, pois na sua visão contestadora e revolucionária, deverá ficar fantástica, faço aqui desde já a reserva do meu exemplar devidamente autografado, é claro, aproveito para sugerir o título:

    CAMINHANDO COM NOSSA E POR NOSSA SENHORA DO DESTERRO.

    Amigão, faz tempo que não nos vemos, temos que marcar alguma coisa para uma reunião legal, pois gosto das pessoas agradáveis e que me trazem de alguma forma um aprendizado.

    Que Deus te abençoe bem como a amiga Seluta.

    Tony

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Que Deus o abençoe!