caminha, caminhando, poetando, vivendo como Deus me permite viver. É assim que vou. É desse jeito que sou. E aqui vão: notícias mensagens, poesias, crônicas, artigos, enfim, tudo que gosto e sou, parte dos caminhos que este caminhante procura seguir. Apenas isto!

domingo, 14 de setembro de 2008

Ensaio sobre a Criação

Amigos,

Assim que comecei a escrever este texto, eu pensei fazê-lo uma poesia. Depois virou Ensaio. E aí está, entre ganchos e garranchos, aos trancos e barrancos, este texto-poema, um pouco angústia, do que sinto, senti, ou fui sentindo, na medida em que os versos-semi-versos escapuliam de minha mente e declinavam, como a torrente das cascatas, pela ponta de meus dedos, no teclado de meu computador. Eles não têm nada de rima, de métrica, nem tampouco de estética. Neles, a métrica, a rima, a estética que me valeram foram aquelas que a própria Criação faz perceber, seja em nossas mentes, seja em nosso olhar.

Eu os dedico à escritora e poeta Lígia Leivas, não somente porque está assumindo este desafio de presidir a Academia Sulbrasileira de Letras, mas sobretudo, por sua incontida e incansável luta em defesa do Meio-Ambiente, da Criação!!!

ENSAIOS SOBRE A CRIAÇÃO
Luiz Eduardo Caminha


ENSAIO 1

“No princípio eram as trevas. A Terra estava sem forma e vazia; as trevas cobriam os abismos” (Gênesis 1, 1-2)

... E Deus se fez poeta e se pôs a pensar e agir!


No céu, os luzeiros,
Estrelas cintilantes,
Para pontilhar,
Como contas de diamantes,
O ébano manto de brigadeiro.

O Sol, calidamente,
Fará suas jornadas,
Para aquecer,
Com fagulhas doiradas,
Os seres caminhantes.

Águas para saciar a sede,
Sejam criadas,
Para vingar a criação,
Animais terrenos, das águas,
Toda a Terra, todo o verde.

O ar, de límpido azul,
Imaculado,
Píncaros, montanhas,
Florestas, mananciais.

Nas matas, o som da bicharada,
O canto dos pássaros,
Lembrarão uma sinfonia,
De anjos celestiais.

E pensou Deus: O berço,
Onde deitarei o ápice da Criação,
Está pronto. Falta preenchê-lo!!!
Falta-lhe minha obra prima,
O sumo fruto de minhas mãos,
Escultura de meus sentimentos,
Minha imagem e semelhança,
Reflexo de meu ser.

Formosa obra que guarde,
Na razão,
A fonte do equilíbrio,
Um ser tão perfeito
Quanto Eu que o crio.

E faço deitar neste berço,
A síntese de minha obra,
Um menino, um homem,
Minha Imagem,
Minha semelhança!!!

A Criação está pronta,
Deixemos que o Homem a cuide,
Zele por ela e... dela usufrua!!!


“...Tendo Deus terminado a obra que tinha feito, descansou de seu trabalho”.” (Gênesis 2, 2).


ENSAIO 2

“...e Deus viu que tudo isto era bom... Deus criou o homem, à sua imagem. Imagem de Deus o criou. Homem e mulher os criou” (Gênesis 1, 25; 27)

...Será que Deus se enganou?

Sou
A antítese do paradoxo
A lógica do irracional.
A água que passa o moinho,
E a gota que se fez oceano.
A corporificação do etéreo,
O éter da matéria,
E o pouco, quase nada,
Que sobra de concreto,
No abstrato.

O resultado adolescente da marginalidade
E a esperança do menino travesso.
A paz alvissareira da guerra
E o pipocar sanguinário da metralha.
Sou ensejo,desejo, inveja,
Do ódio dos amargurados.
Sou a luz numa caverna
E a solidão do ébano,
Nas noites sem luar.

Sou,
O início do fim,
E o epílogo do começo.
Sou,
O erro da bala perdida,
O alvo certo do tiro errado,

Eu sou produto desta sociedade,
Que prefere o sangue
Fora das veias, nas calçadas,
As ruas tingidas
De feridas pútridas,
A carniça fétida,
Que o abutre abandonou.

Eu sou o reflexo
De uma humanidade
Pérola prima do Pai eterno,
Riscada, toldada,
Amassada, pisoteada,
Desfigurada, desalmada.

Eu sou o Homem,
O bicho homem,
Criatura errática,
O erro
Que contrasta o belo,
A magnífica Criação.

Aliás, talvez eu seja,
O engano do Criador!!!


ENSAIO 3

“Serpentes! Raça de víboras! Como escapareis ao castigo do inferno? Eu vos envio profetas, sábios e doutores. Matareis e crucificareis uns e açoitareis outros... Em verdade vos digo: todos estes crimes pesam sobre esta raça” (Mateus 23, 33-36)

E Deus falou ao homem,..
Por sábios e profetas,
Tentou, em vão,
Corrigir seu rumo,
Aprumar-lhe a mente,
Fazê-lo recompor a Criação,
Da qual lhe confiara ser,
O Senhor

.... E o homem prosseguiu,
Sua errática caminhada,
Trilhando veredas de incertezas,
Descaminhos da sedução,
Sendas da cobiça,
Da inveja, ganância,
Da perdição!!!


ENSAIO 4

“E o Anjo Gabriel disse a Maria: o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus” (Lucas 1,35)

E Deus perdoou..
Não! Eu não posso deixar
Minha obra abandonada.
Salvá-los-ei,
Uma, duas,
Mais uma vez,
A última por certo:
Enviarei Meu Filho!!!

...E veio o Filho!
Que sequer ousou,
Tirar um único traço da Lei,...

E ensinou:
O caminho da volta é um só!
AMOR! Amar o Pai,
O Criador,
Amar o próximo,
A Criação...


ENSAIO 5

“Deus, o Senhor, viu que a maldade dos homens era grande na terra, e que todos os pensamentos do seu coração estavam continuamente voltados para o mal” (Gênesis 6,5)

E o Homem O matou!!! ... E maculou a Criação!

Não parou aí!
Agora se dispõe,
Matar a Criação.

Irmãos, animais,
Florestas,
Mares e águas,
Planeta Terra, Gaia,
Uni-vos, todos!

Ele está aí.
A todo tempo!
O tempo todo!
E quer matar,
Destruir,
Queimar,
Dilapidar,
Poluir,
Assombrar!!!


ENSAIO FINAL

“Porque a quem muito se deu, muito se exigirá. Quanto mais se confiar a alguém, dele mais se há de exigir” (Lucas 12, 48)

E continua ensandecido,
Nesta cruzada insana,
Matando, ultrajando,
Humilhando,
Plantando guerras,
DESAMOR!!!
Destruindo a Criação!
Opondo-se ao CRIADOR!

Até quando, oh! Senhor!
Até onde irá o homem
Para merecer,
De novo, Teu perdão?
Até o apocalipse?
Holocausto do planeta?

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