caminha, caminhando, poetando, vivendo como Deus me permite viver. É assim que vou. É desse jeito que sou. E aqui vão: notícias mensagens, poesias, crônicas, artigos, enfim, tudo que gosto e sou, parte dos caminhos que este caminhante procura seguir. Apenas isto!

terça-feira, 23 de setembro de 2008

O dinheiro sobra? Mas a fome mata

O paradoxo da vida em Marte e da fome no mundo...

O 2º. Semestre de 2008 vem tarazendo, em seu bojo, notícias paradoxais e inacreditáveis. As bravatas de Chávez e Morales; a absurda intromissão dos arapongas da Abin, numa negação ao estado de direito; a cara-de-pau destes espiões orwellianos bisbilhotando a maior autoridade do Poder Judiciário; o atentado eleitoral das milícias cariocas, a infindável crise do mercado americano, etecetera. Neste compasso, uma notícia chama-nos à reflexão: a NASA anunciou a possibilidade de ter havido vida em Marte, num passado distante. Foi um "frisson". Ovação geral! Aplausos! Era preciso descobrir, ao menos, uma bactéria, umazinha que fosse para justificar a prosaica missão.

Não quero ir contra os avanços da ciência. Sei muito bem a contribuição trazida pelos projetos espaciais às conquistas tecnológicas. Estaria sendo uma besta se não admitisse a evolução da comunicação entre os povos, da velocidade e transparência nas informações – excluído o lixo – que nos permitiu a internet, o progresso nos transportes, na educação – fora do Brasil, é claro – os avanços na saúde, enfim a evolução dos últimos tempos nas mais diversas áreas da atividade humana.

Entretanto, a missão da Sonda Phoenix traduz uma aberração sem princípios, sem nexo. A simples possibilidade de vida primitiva – uma simples bactéria – no Planeta Vermelho, ampliou a missão por mais 3 semanas ao custo de US$ 2 milhões. O Projeto todo já custou US$420 milhões de dólares. Às custas desta fantástica descoberta, 31 cientistas apresentaram à NASA – que se entusiamou – um planejamento da ordem de US$ 16 bilhões – isto mesmo 16 bilhões – de dólares para a continuidade das explorações do vizinho planeta. O que temos a ver com isto? Vejamos!

Cerca de 820 milhões de pessoas – seres humanos e portanto, vida plena e organizada – vivem o flagelo da fome. Destes, estima-se que 100 milhões, apenas este ano, não escaparão da morte por desnutrição ou outras doenças cuja origem é a falta de comida. O Projeto Phoenix concederia a estes seres humanos, nada menos que alimento suficiente por 15 dias. É pouco? Sim, muito pouco! Serviria, ao menos,para morrerem fartos. Mas se tomarmos todo o dinheiro necessário para realizar o sonho daqueles 31 cientistas veremos outro número. Os recursos afastariam este risco por 8 meses. Mas, o pior vem agora. Os Estados Unidos da América já gastaram U$ 500 bilhões com a imbecilidade da guerra do Iraque. Este montante tiraria do risco de morte esta vida organizada e faminta do planeta Terra por 16,5 anos. Juntos, apenas esses dois paradoxos salvariam cerca de 1,7 milhões de pessoas.

Quer mais? O aumento do custo dos alimentos no mundo faria o mesmo. Ou seja, concederia mais 16,5 anos a estes seres.

Talvez esta seja uma perversa forma de controle populacional, mas que é um paradoxo, lá isto é? 1,7 milhões de pessoas mortas para se provar (ou não) a existência de uma bactéria em Marte. Ou 1,7 milhões de pessoas em troco do lucro gerado pelo aumento dos alimentos no planeta Terra. Não é de mudar de planeta?

P.S.: No momento em que fazia esta reflexão, a FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação - anuncia que não são mais 820 milhões de famintos no mundo. Este número passou para 927 milhões.

"E Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou, homem e mulher Ele os criou" (Gênesis,1 27)

Farrinha

O Brasil não escapa dos gastos paradoxais. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES - financia US$650 milhões para Ferrovias na Bolívia e Colômbia. Na Argentina, Chile, Equador, Paraguai, Venezuela e República Dominicana, o dinheiro brasileiro também financia obras num valor total de US$ 1,3 bilhão. Destes, US$ 954 milhões já foram liberados até março. O BNDES também financiará duas moderníssimas rodovias que cruzarão a Bolívia em direção ao Oceano Pacífico. Enquanto bolivianos transitam em boas rodovias financiadas pelo dinheiro brasileiro, trens se locomovem às custas deste dinheiro na Bolívia e Colômbia, nós, o zé povinho divide espaço entre rodovias esburacadas, ferrovias inexistentes e uma possibilidade cada vez maior de crise no abastecimento de gás.

4 comentários:

  1. Caro amigo Caminha,
    Mais uma vez trazes para nós uma coluna interessante ; enseja reflexões.
    Já havia questionado a mesma coisa com os mov. de proteção aos animais-Baleias/macacos/leões etc... e o bicho homem faminto?
    Um grande abraço
    Wálmore

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  2. Meu caro amigo

    Você foi felicíssimo na sua abordagem, infelizmente sobre um assunto estarrecedor e triste.
    Infelizmente o homem não sabe cuidar nem da terra, legado que Deus lhe deixou e na sua ânsia de ser soberano a Deus comete seus desmandos.
    Quanto ao Brasil, eu que dependo de transporte público, que o diga.
    Parabéns e um fraterno abraço

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  3. Amigo Caminha

    Parabéns pela beleza de suas reflexões.
    Continue trilhando os caminhos da lucidez nesse nosso mundo cada vez mais violentado.
    Abraços e que Deus fique contigo,

    Paulo

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  4. Caro amigo Caminha,
    Muito bom seu artigo!
    Duro e realista.
    Abraços,
    Andréa

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